Três anos de imunoterapia: O que acontece nesse período?

A imunoterapia alérgeno-específica, conhecida popularmente como “vacina para alergia”, é hoje o único tratamento capaz de modificar a causa da alergia e não apenas controlar sintomas. Mas uma das maiores dúvidas dos pacientes é: por que o tratamento precisa durar, em média, 3 anos?

A resposta está em como funciona a memória imunológica.

Quando uma pessoa alérgica entra em contato com pólen, poeira, ácaros ou outros desencadeadores, seu sistema imunológico reage de forma exagerada, produzindo anticorpos do tipo IgE e provocando sintomas como coriza, espirros, coceira, falta de ar. A imunoterapia atua treinando o sistema imunológico para reconhecer esses agentes como “inofensivos”.

Esse processo acontece em fases:

🔹 Fase inicial (primeiro ano): ocorre a dessensibilização. O corpo começa a diminuir a resposta exagerada, e o paciente já pode perceber melhora dos sintomas. Porém, ainda não existe memória imunológica sólida.

🔹 Fase intermediária (até 2 anos): há maior equilíbrio entre células reguladoras e inflamatórias. Muitos pacientes já reduzem o uso de medicamentos, mas estudos mostram que, se a imunoterapia é interrompida nesse estágio, a tendência é de recaída, pois o sistema ainda não consolidou a tolerância.

🔹 Fase de consolidação (3 a 5 anos): nesse período, os linfócitos T reguladores se estabelecem de forma duradoura, a produção de IgE diminui de forma consistente e a imunidade passa a “memorizar” o aprendizado. É o ponto em que o tratamento mostra benefício sustentado mesmo após sua suspensão.

Por isso, as principais sociedades médicas – como a World Allergy Organization (WAO) e a European Academy of Allergy and Clinical I

mmunology (EAACI)– recomendam que o tratamento seja realizado por no mínimo 3 anos,podendo chegar a 5 anos em alguns casos. Esse é o tempo necessário para garantir que a tolerância seja duradoura e que os sintomas não retornem após a interrupção da vacina.

Portanto, o número “3 anos” não é aleatório: ele representa o tempo comprovado pela ciência para que a imunoterapia deixe de ser apenas um controle temporário e se torne uma mudança definitiva na resposta imunológica.

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